Reserva Biológica de União
 






          Esta Unidade de Conservação foi criada em 1998 para conservar um importante fragmento de Mata Atlântica de terras baixas onde havia a re-introdução do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia). A Reserva está localizada nos municípios de Rio das Ostras (52,4%), Casimiro de Abreu (47,3%) e Macaé (0,3%), e possui uma área de 2548 hectares, dos quais cerca de 2.300ha encontram-se bem preservados. O clima é tropical úmido, correspondendo ao tipo Am de Köppen (Takizawa 1995). A temperatura média é de 22°C (Kleiman et al. 1988) e a pluviosidade é de 1.677,9 ± 304,7mm ao ano, com uma estação seca entre Abril e Setembro (Oliveira 2002). O relevo é formado por baixadas aluviais, morros mamelonares e escarpas serranas, com altitude máxima de 376m. O solo é do tipo latossolo vermelho amarelo distrófico, de textura argilosa (RADAMBRASIL 1983). A vegetação local é composta predominantemente pela Floresta Ombrófila Densa das terras baixas sensu Veloso et al. (1991). Até 1951 a área pertenceu à companhia ferroviária inglesa The Leopoldina Railway Company Limited S/A, que extraía madeira nativa para alimentar as caldeiras das antigas locomotivas a vapor. Após 1951, quando a Fazenda União foi incorporada à Rede Ferroviária Federal (RFFSA), a exploração de madeira nativa foi interrompida e implementaram-se plantios de eucalipto para a produção de dormentes dos trilhos (SEMA 2001). Estes plantios ocupam, atualmente, cerca de 310 ha da Reserva. 
          A Reserva Biológica União é atravessada pela rodovia federal BR-101, por um gasoduto da Petrobras e por linhas de transmissão de energia elétrica de Furnas, o que cria corredores desmatados no interior do remanescente (Figura 2). O corredor do gasoduto foi criado na década de 80, possui 25m de largura e vegetação herbácea, com predomínio de gramíneas (Figura 3). A rede elétrica foi implantada na década de 60, seu corredor possui cerca de 100m de largura e vegetação arbustivo-arbórea de até 4m de altura, com alguns indivíduos arbóreos atingindo maior porte. 

Figura 2. Vista aérea da Reserva Biológica União, mostrando três corredores desmatados. De cima para baixo: Rede Elétrica, Gasoduto e Rodovia BR-101.


Figura 3. Vista do corredor formado pelo gasoduto na Reserva Biológica União (Fonte: Programa Mata Atlântica - JBRJ).


          O trabalho na ReBio União teve início em um projeto multidisciplinar desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) em cooperação com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Dentre os aspectos avaliados se destacam os estudos acerca dos efeitos de borda sobre as comunidades arbóreas, arbustivas e de plântulas, assim como as análises sobre processos ecossistêmicos como produtividade, decomposição e fertilidade do solo. Atualmente existem três dissertações de mestrado e uma tese de doutorado sendo desenvolvidas. Já foram concluídas no local duas monografias de iniciação científica, uma dissertação de mestrado e duas teses de doutorado (Rodrigues 2004; Gama 2005; Iguatemy 2005; Nascimento 2005; Gabriel 2006).
          A base dos estudos se concentra nas 12 parcelas permanentes de 20m x 50m em áreas de floresta de encosta em estágio avançado de sucessão (sensu Clark 1996) estabelecidas em 1999. Destas, 4 se localizam em bordas de gasoduto (GA), 4 em bordas de rede elétrica (RE) e 4 em interiores florestais a mais de 400m de qualquer borda (IN) (ver Rodrigues 2004).
          Dentro das unidades amostrais todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5cm foram marcadas com pregos e placas de alumínio numeradas, medidas quanto ao DAP e altura e coletadas. Estas parcelas foram subdivididas em quadrados de 5m x 5m, e em cada conjunto de 4 quadrados contíguos foram realizados dois sorteios, sendo um para a amostragem de indivíduos jovens e arbustos (1cm ≤ DAP < 5cm) e um para plântulas, diâmetro à altura do solo (DAS) ≤ 10mm e altura ≤ 1m. Naqueles sorteados para plântulas, foram alocados plots de 2m x 1m dentro dos quais as mesmas foram amostradas. Assim, há em cada parcela 10 quadrados de 5m x 5m em que todos os indivíduos juvenis e arbustivos foram amostrados, totalizando 0,3 ha, e 10 plots de 2m x 1m para a amostragem de plântulas, totalizando 240m2 (Figura 4). Os juvenis foram marcados e medidos quanto ao DAP e altura e coletados, e as plântulas foram etiquetadas e medidas quanto ao diâmetro, altura e número de folhas.



Figura 4. Desenho esquemático da sub-divisão de parcelas permanentes de 20m x 50m em quadrados menores de 5m x 5m para a implantação dos experimentos com indivíduos de 1 ≤ DAP ≤ 5cm (áreas hachuradas) e plântulas (DAS ≤ 10mm e altura ≤ 1m – retângulos pequenos) na Reserva Biológica União, RJ.

          O experimento foi iniciado em novembro de 2000, quando foi avaliado o banco de plântulas. No ano seguinte foi iniciada a amostragem de indivíduos com DAP ≥ 10cm e em 2005 incluiu-se os indivíduos com DAP ≥ 5cm. Em 2006 houve a inclusão dos indivíduos com DAP ≥ 1cm. A partir do momento da inclusão de uma classe de tamanho, esta é remedida anualmente. Entretanto, de 2004 a 2006 o banco de plântulas foi avaliado duas vezes por ano (estação seca e chuvosa) com objetivo de analisar possíveis variações nas respostas da comunidade durante o ano.
          Todo o material coletado está sendo identificado e será posteriormente depositado nos Herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, da Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF), e no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É importante ressaltar que toda a determinação dos taxa está sendo realizada por especialistas nas respectivas famílias, conferindo assim um alto grau de confiabilidade às identificações da lista florística (J.M.A. Braga et al. dados não publicados).
          A amostragem realizada revelou que a ReBio União possui um dos maiores valores de riqueza (250 espécies ou morfoespécies em 1,2 hectare) e diversidade (4,9 nats/indivíduo) já encontrados para o bioma Mata Atlântica, e uma elevada área basal (32m2/ha). Dentre as famílias botânicas encontradas destacaram-se Myrtaceae e Lauraceae, com 32 e 29 espécies, respectivamente (Rodrigues 2004)


Bibliografia sugerida

“Bibliografia em preparação” e “Mapa de Visualização das Áreas” (Google Professional)



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