Reserva Ecológica de Macaé de Cima
 

A serra de Macaé de Cima constitui um dos mais expressivos corpos florestais do estado do Rio de Janeiro, caracterizada por densa cobertura da Floresta Ombrófila Densa Montana e altomontana (popularmente conhecidas por Mata Atlântica serrana e de neblina). Esta condição de ocorrência, em altitudes elevadas, com relevo diversificado com aclives e declives acentuados, propicia grande variedade de ambientes e paisagens, onde a floresta é recortada por rios e córregos que vão formar bacias hidrográficas importantes para o Rio de Janeiro.





Este corpo florestal encontra-se inserido no Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar – o qual abraça as duas maiores cidades brasileiras: Rio de Janeiro e São Paulo – e foi reconhecido em 2000, pelo Ministério do Meio Ambiente, como área de extrema importância biológica, o que significa dizer: prioritária para a conservação.

Em 1988 o Jardim Botânico do Rio de Janeiro deu início à exploração científica nesta região, a qual fora estudada no século XIX por vários botânicos estrangeiros como:  St.Hilaire (1818), Schott (1820), Lund (1825-1828), Riedel (1831-1833), Gardner (1841), Glaziou (1861), entre outros. Inúmeras novas espécies para a ciência foram descritas e coletadas por estes naturalistas, sendo que algumas nunca mais foram encontradas na natureza desde então.

Valendo-se dos resultados entusiasmantes que eram reunidos e da sinalização favorável pela municipalidade ao trabalho desenvolvido, a equipe encaminhou parecer favorável à criação de uma unidade de conservação. Foi criada então em de 03 de janeiro de 1990 a Reserva Ecológica de Macaé de Cima.

Localizada políticamente na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro (fig. 7), distrito de Macaé de Cima, município de Nova Friburgo e geograficamente na Serra do Mar, englobando as serras de Macaé, São João e Taquarussú (22o21’ e 22o 28’S ; 42o 27’ e 42o 35’W ), a unidade é composta por 7.200 hectares.

A cobertura florestal contínua tem aproximadamente 35.000 hectares em posição central no território fluminense, circundada pelos municípios de Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim.

A topografia é fortemente ondulada, com ocorrência de pequenos vales, abrangendo altitudes de 880 a 1720 msm, sobressaindo-se na paisagem os picos denominados Pedra da Bicuda e Pedra do Faraó, sendo este último o ponto culminante da Reserva. Grande parte da Unidade é composta pela bacia hidrográfica do rio Macaé e de seu afluente rio das Flores. Estes rios, sobre leitos pedregosos, serpenteando os vales, correm paralelamente na direção SW-NE formando dois vales com 9 km de extensão. O substrato é formado basicamente por rochas metamórficas pré-cambrianas pertencentes às unidades Desengano, São Fidélis e Santo Eduardo. O proterozóico está representado restritamente na Pedra da Bicuda e na Pedra do Faraó, pontos culminantes da Reserva, enquanto que o quaternário, pouco expressivo, está representado na ocorrência de pequenos depósitos aluvionares no vale do rio Macaé (Lima & Guedes-Bruni 1997).

O solo é caracterizado como Cambissolo, com ocorrência de Latossolos (RADAM Brasil 1983). As análises granulométricas e químicas  aqui implementadas (Anexo 1) determinaram seu caráter argilo-arenoso indicando baixa capacidade de retenção de água. O pH é fortemente ácido, com teores de cálcio e magnésio baixos, enquanto que os de alumínio apresentam-se altos em todas as profundidades.

O clima regional é do tipo A - superúmido e B' - mesotérmico na classificação de Tornthwaite & Mather (1955), correspondendo ao tipo Cfb de Koeppen (Bernardes 1952). A temperatura média anual é de 17,9oC, sendo janeiro, fevereiro e março os meses mais quentes enquanto junho, julho e agosto, são os meses mais frios. A precipitação média anual é de 2128 mm, sendo o período de outubro a março o de maior precipitação, enquanto o de julho a agosto, o de menor (fig. 10).

A vegetação local, de acordo com a classificação de Velloso et al.(1991), é do tipo Floresta Ombrófila Densa montana, com a ocorrência de Campos de Altitude nas porções mais elevadas, acima dos 1500 metros de altitude. A floresta úmida, margeada pelos pequenos córregos da bacia do rio Macaé, apresenta significativo adensamento de espécimes arbóreos, cujas alturas estão em torno de 15 metros do solo. Este, por sua vez, apresenta grossa camada de serrapilheira, sempre úmida, de onde emergem inúmeras ervas pteridofíticas assim como plântulas de Angiospermas em abundância. No estrato herbáceo é marcante a presença de Anthurium spp. , Philodendron spp.  e Xanthosoma spp. (Araceae), bem como de inúmeras begoniáceas.

Sobre os troncos das árvores ocorrem espécies epifíticas, com especial riqueza de orquídeas, bromélias, cactáceas e gesneriáceas. No estrato arbustivo destacam-se espécies de Psychotria, Rudgea, Coussarea (Rubiaceae) e de Miconia e Leandra (Melastomataceae) , entre outras (Guedes-Bruni 1998). As plantas de hábito trepador são igualmente expressivas, dentre as quais citam-se, Fuchsia regia, Onagraceae, Dalbergia frutescens (Fabaceae Papilionoideae), Mikania trinervis (Asteraceae), Cissus striata (Vitaceae), entre outros 140 táxons, conforme apresentado por Lima et al. (1997). Destaque-se ainda as densas populações de Euterpe edulis por toda a área da Reserva, ocorrendo tanto no sub-bosque como no dossel, sempre em grande número de indivíduos e agregados.

Nas áreas em melhor estado de conservação, de acordo com Guedes-Bruni (1998), ocorrem espécies típicas a esta paisagem tais como: Beilschmiedia rigida (Lauraceae), Mollinedia salicifolia (Monimiaceae), Myrocarpus frondosus (Fabaceae Papillionoideae), Myrcia pubipetala (Myrtaceae), entre outras. Para a área de Macaé de Cima – Perturbada citam-se  Bathysa autralis (Rubiaceae), Casearia obliqua (Flacourtiaceae), Croton floribundus (Euphorbiaceae), Solanum cinnamomifolium (Solanaceae).

Os diferentes estudos empreendidos na serra de Macaé de Cima, ao longo das margens do rio Macaé e de seu afluente rio das Flores, consolidaram o valor da diversidade florística desta floresta.

Lista florística:

O reconhecimento da importância deste remanescente florestal motivou a criação, em 2001, da Área de Proteção Ambiental Estadual de Macaé de Cima (http://www.feema.rj.gov.br/unidade-conservacao.asp?cat=85) e em 2002, do Parque Estadual dos Três Picos (http://www.ief.rj.gov.br/unidades/parques/PETP/conteudo.htm).

Estas três unidades criadas, com atribuições e possibilidade de usos distintos, têm criado um ambiente de conflito de interesses entre as comunidades locais, formadas em sua maioria por agricultores familiares, e os ambientalistas. A sobreposição das áreas e as diferentes categorias constituem um desafio à gestão, a qual pode ser enriquecida pelas propostas oriundas do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, através do projeto de reconhecimento dos Mosaicos de Unidades de Conservação do Corredor da Serra do Mar (http://www.rbma.org.br/rbma/pdf/Caderno_32.pdf),  especificamente, no que concerne ao Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense.

Este mosaico abrange uma área com cerca de 233.710 ha, 13 municípios e 22 Unidades de Conservação e suas zonas de amortecimento, dentre as quais estão incluídas a APA Macaé de Cima e o Parque Estadual dos Três Picos. 

“Bibliografia em preparação” e “Mapa de Visualização das Áreas” (Google Professional)

Outros conteúdos em:

•  IEF - Instituto Estadual de Florestas